quarta-feira, 2 de julho de 2008

Meditação

Vilma, Vilma é o nome dela. A moça que faz a limpeza do escritório. Moça. Aparenta seus 35 anos. Já conversamos outras vezes, tem uma filha que estuda numa escola pública. Essas deprimentes de São Paulo. Vilma mora longe desse canto da cidade, mora longe das vias asfaltadas e não podia ser diferente se amontoa nesses vagões num ritmo acelerado pra garantir o seu. O seu. Hã!

Entre as minhas xícaras e suas vassouras ela parou. Se juntou a esse renegado. Nem precisou ler os movimentos de Vilma, ela mesma confessou. Anda mais rápido que o relógio, acorda num salto. Engole um café da manhã e sai pra se juntar aos outros mil apressados. Vive a correr e não dá tempo de sentir os sabores. Nem dá pra notar as cores. Não tem a paz pra parar um momento e saborear um novo sabor ou apreciar os conhecidos. Disse que assistiu ontem um filme, um filme de terror e não via a hora de ver sangue. De vários morrerem. Maluquice, não?

Trágico mesmo é não sentir o gosto!