terça-feira, 28 de outubro de 2008

Nem mais a minha imagem



Após horas de pensamentos,
ficou a TV sem sinal,
só ruído.

Dei conta que nem mais a minha imagem restou.
Dei conta que tanto se perdeu,
e deixei até o que me pertencia ir embora.

Ai eu chego mais perto,
nem a silhueta, nem uma sombra,
nem isso pra mim ficou.

Acabou a valsa,
e não contente deixei ir embora
a minha parcela.


Tiro tudo da tomada,
começo denovo.
De outro jeito e dessa vez vai ser com o espelho.

Não cabe nem uma nova filosofia,
nem mais banho de teorias,
esqueça de reencontrar o que se perdeu.

É só mesmo um recomeço.

domingo, 26 de outubro de 2008

Mais um Domingo...

Ah! Humor, bem que você podia não ser essa variável tão instável. Brusca. Põe e tira o riso com tamanha destreza.

Ainda bem que tem os domingos de dias ensolarados, ainda que tem as pessoas que guardam nossos passos com carinho. Se teve o domingo acuado no quarto, mergulhado no passado, tem o domingo em que vem gente, assim, que sabe cada traço meu e timbre de voz solto ou controlado.

Vem sorridente e dá logo o abraço, bota uma música e abre a janela. Vem cheia de histórias e de idéias, melhor mesmo ir pra longe.

E sabe, enche de forças olhar pro lado e não se ver tão só. Parece evidente essas meias frases, frases feitas e conhecidas. Tudo tão sabido e some as palavras pra dizer um "muito obrigado", seja por ter vindo ou seja por ser quem você é. Frases vem e vão e deixam na cabeça mais incomodo que papo de bar, desses filosóficos/existenciais, inteligentes mesmo são essas nossas conversas, que ligam lâmpadas na cachola. E mexem mesmo com fúria e deixa o pensamento ligado.

Eu digo "a" pensando em "b" e não é que ela explica que eu tô mesmo querendo "b".

Não é que ela me tira da inércia vulgar que eu entrei, me deixa ligado e faz reconhecer que eu tenho que ficar na linha - entendam, voltar a ter no peito os meus valores que ficaram nesse ritmo medíocre.

Hoje ela me deixou longe do café e de outros vícios, vimos o jardim, fomos no parque e reencontrei a parcela que me identifica, que me calibra e diz quem eu sou.

Aqui jaz de uma vez por todas a repetição dos dias!

Agradeço a todos que estiveram firme comigo. Obrigado!

E não é que ela estava certa. Com as conversas, metáforas e risos. Ela está certa.

domingo, 19 de outubro de 2008

Horário de verão

Pois é, parece que venho aceitando a magnitude e complexidade que é o tempo, saber rir entre suas aparições que é sabedoria.

Sei que nesse domingo eu pensei em colo, coisa típica de domingo. Pensei em sofá e esse dia nublado de cinza concentrado me deixou assim, querendo colo.

Querendo dedos que desafiem os fios do meu cabelo, mãos que brinquem com minha orelha e uma boca, pra rir das minha piadas ou conjecturas de realidades paralelas.

Rir do domingo sem graça e inventar qualquer absurdo pra não sair de casa e ficar cultivando essa coisa gostosa da gente. Ficar sem a TV e seus anúncios, ficar com um estoque de tranqueiras pra se comer e se enroscar mesmo que nem esteja tão frio, mas se enroscar pra nossa pele ficar em contato o máximo que der.

Eu quero dedos que desafiem os fios do meu cabelo.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

As tuas verdades são variáveis, reconheça.

E eu aqui, mais uma vez escrevendo bobagens.
Na vã tentativa de ser algo supremo, na vã tentativa de te cortar.
Que num passar de olhos repentino eu leve um pedaço de carne.

Tua carne.

Que ao dedicar média atenção nessas letras eu te consuma,
um segundo sequer, eu te possua.

E nos deixe assim banhados de sangue, do teu corte.
da nossa consumação.

Ao ver esse punhado de letras agrupadas eu te gele,
te leve as certezas e plante mil duvidas na sua cabeça.

E ao fim te deixe na poça de sangue,
com as mãos quentes e peito palpitante.

Ao fim, esqueça as suas verdades.
Perceba que existe mais rubro que imagina
e sinta esse gosto.

O gosto que me deu por tantas noites, Mocinha.